Como nem sempre encontro espaço nos meios de comunicação para divulgar os artigos sobre este tema e outros, senti a necessidade de criar este espaço para registrar estas ideias, estas reflexões, que considero importantes na questão.
Há detalhes, há circunstâncias que nem sempre são percebidas nestas situações.
Tenho vivenciado situações diversas e inusitadas nesta questão, com minha filha. Ela tem só 8 anos e já experimentou, talvez sem perceber, muitos episódios de exclusão.
Aqui também há o registro das experiências que tive em escolas, em que alunos diferentes também foram excluídos.
São artigos, reflexões sobre o tema.
1. - PAOLLA DESISTIU NOVAMENTE?
Assim foi acontecendo, por uns três ou quatro anos, desde a quinta série. Nos últimos dois anos, ela acabava desistindo, em torno de agosto, setembro.
Ela começava a faltar, não vinha nos dias de testes e provas. Era solicitada a presença da mãe, que informava suas dificuldades, deficiência auditiva. Por isso sua fala precária, sua mudez, o que a tornava desconfiada, insegura perante o grupo, pouco receptiva às tentativas de aproximação dos professores. Sua mãe informava da dificuldade de Paola vir `a escola, preferia ficar em casa. Com certeza, com as suas dificuldades e limitações, enfrentar a escola representava um enorme desafio para Paola.Então, ela acaba desistindo.
Isto foi acontecendo por dois anos. Nos conselhos de classe, alguns professores perguntava: Paola desistiu novamente?
Sim, Paola desistiu novamente. E neste ano ela não retornou à escola. Se ela está estudando em outra escola não se sabe. Não sabemos.
O que fez Paola desistir de estudar? A surdez? Alguns dirão que sim. mas sabemos que muito mais do que a surdez fez a Paola desistir. Paola queria ir à escola e ter colegas, ter professores, aprender, dentro de suas possibilidades. Paola queria a inclusão, receber o atendimento de que necessita e ser acolhida com dignidade, igualdade e amor.
Como Paola não encontrou nada disso na escola, ela acabou desistindo. Desejo de todo o coração que Paola tenha desistido somente dos estudos e temporariamente. E não tenha desistido da vida, de sonhar, de desejar, de ter esperança e de ter alegria e perspectivas de vida.
É importante refletir até aonde vão as consequências da exclusão escolar.
2. -A PEQUENA SOFIA
Assim seguia Sofia 5, 6, 7, anos sempre em busca de um amigo, e encontrando dificuldades para tal. É claro que esta dificuldade na escola se acentuava. E não se sentindo aceita, integrada aos seus colegas, desestimulava em Sofia a vontade de ir à aula. Assim ocorriam as faltas, somadas às dificuldades de aprendizagem, o que nem sempre era relevante na avaliação escolar. Estranhavam suas faltas, a viam como uma aluna plenamente integrada à escola, aos colegas. Isto porque, na verdade, Sofia, por ser extrovertida, por ela mesma conseguia se integrar às atividades, mesmo sem compreendê-las muito bem. E conseguia brincar sozinha nos recreios. Quem a visse, sem maior atenção, poderia pensar que ela estivesse integrada ao recreio, quando na verdade, ela brincava sozinha, sofrendo o isolamento de colegas que a ignoravam por suas diferenças, ouvia de alguns colegas insultos, deboches por suas limitações, que também não eram detectados nas escolas. Pois eles acontecem naqueles momentos em que as crianças ficam mais à vontade, sem a presença dos professores. Estes fatos acontecem na realidade, quem sofre a intimidação sabe bem. Porém muitas vezes são tratados com descrédito e com descaso.
Por isso, Sofia, como muitas outras crianças na mesma situação, precisou mudar várias vezes de escola, por não ocorrer uma solução para que a criança sinta-se considerada na escola. Então em sua pequena trajetória escolar, Sofia já enfrentou várias mudanças. Porém os problemas só mudavam de endereço: a exclusão. O que nem sempre é admitido pelas escolas. Porém, a exclusão escolar é apontada como a origem de muito sofrimento em pessoas marcadas por este estigma no decorrer de suas vidas. A exclusão existe e para combatê-la é necessário, antes de tudo, admitir sua existência. não podemos lutar contra algo no qual não acreditamos existir.
Assim, Sofia foi perdendo a espontaneidade, a alegria que tinha de ir à escola. Quem sabe por já poder compreender a rejeição que sofria dos colegas, quem sabe por já perceber que muitas crianças não querem ser suas amigas.
Sofia está agora em atendimento psicológico permanente para restabelecer sua autoconfiança, para reconstruir sua autoestima fragmentada por ter , em sua fragilidade, esta experiência com a exclusão.Mas todos nós sabemos que o melhor tratamento para Sofia e tantas outras crianças que vivem esta situação é apenas isto: ter um amigo em que possa confiar, que a aceite, que de alguma forma ela se sinta querida por esta criança.Uma criança que a chame pelo nome, que lhe sorria na fila escolar quando a vê chegar. Ela espera muito isto.
Sofia está avançando, porque tem uma família que a ama e muito. E ela vai ainda avançar mais, porque há pessoas lutando para que a inclusão aconteça. Estas pessoas lutam porque desejam a felicidade de seus filhos e dos filhos dos seus semelhantes.
3.-PAOLLA DESISTIU NOVAMENTE?
Assim foi acontecendo, por uns três ou quatro anos, desde a quinta série. Nos últimos dois anos, ela acabava desistindo, em torno de agosto, setembro.
Ela começava a faltar, não vinha nos dias de testes e provas. Era solicitada a presença da mãe, que informava suas dificuldades, deficiência auditiva. Por isso sua fala precária, sua mudez, o que a tornava desconfiada, insegura perante o grupo, pouco receptiva às tentativas de aproximação dos professores. Sua mãe informava da dificuldade de Paola vir `a escola, preferia ficar em casa. Com certeza, com as suas dificuldades e limitações, enfrentar a escola representava um enorme desafio para Paola.Então, ela acaba desistindo.
Isto foi acontecendo por dois anos. Nos conselhos de classe, alguns professores perguntava: Paola desistiu novamente?
Sim, Paola desistiu novamente. E neste ano ela não retornou à escola. Se ela está estudando em outra escola não se sabe. Não sabemos.
O que fez Paola desistir de estudar? A surdez? Alguns dirão que sim. mas sabemos que muito mais do que a surdez fez a Paola desistir. Paola queria ir à escola e ter colegas, ter professores, aprender, dentro de suas possibilidades. Paola queria a inclusão, receber o atendimento de que necessita e ser acolhida com dignidade, igualdade e amor.
Como Paola não encontrou nada disso na escola, ela acabou desistindo. Desejo de todo o coração que Paola tenha desistido somente dos estudos e temporariamente. E não tenha desistido da vida, de sonhar, de desejar, de ter esperança e de ter alegria e perspectivas de vida.
É importante refletir até aonde vão as consequências da exclusão escolar.